De acordo com dados do Ministério da Saúde, a obesidade é uma doença multifatorial que atinge uma parcela significativa da população; 52,5% dos brasileiros estão acima do peso. O preocupante, nesta questão, é o surgimento de outras doenças, chamadas de comorbidades, como hipertensão, diabetes, artropatias, infertilidade e muitas outras. Devido a isso, é comum a busca pela cirurgia plástica pós-bariátrica.
A obesidade não é apenas um problema relacionado aos hábitos. Muitos obesos não conseguem atingir seus objetivos apenas com tratamentos psicológicos, clínicos e exercícios físicos. Em razão disso, acabam optando pela cirurgia bariátrica. Em geral, após este procedimento, há uma grande perda de peso e excesso de pele, sendo necessária, então, uma cirurgia plástica pós-bariátrica após a estabilização do peso e a constatação da equipe médica de que o paciente está apto e liberado para isso.
Qual o melhor momento de se fazer cirurgia plástica pós-bariátrica?
Para que se possa realizar cirurgia plástica pós-bariátrica , o objetivo do emagrecimento deve ter sido atingido ou ter ocorrido a estabilização do peso. Isto ocorre, geralmente, entre 01 e 02 anos após a cirurgia bariátrica. Há casos em que se torna necessário antecipar a cirurgia, como quando o excesso de pele prejudica fisicamente o paciente, porém, somente o cirurgião plástico poderá determinar sua realização.
Os locais que podem receber intervenção cirúrgica são mamas, abdômen, braços, coxas e face. Para a maioria dos cirurgiões plásticos, o abdômen deve ser a primeira cirurgia plástica pós-bariátrica a ser realizada. A seguir, dá-se continuidade com o procedimento nas mamas, nos braços, nas coxas e na face. Tal ordem não é estática, poderá ser modificada de acordo com a vontade do paciente, em acordo com o cirurgião.
Pode-se realizar outras cirurgias no mesmo momento da cirurgia plástica pós-bariátrica?
É possível realizar cirurgias associadas como mamas + abdômen ou braços + coxas, por exemplo, na mesma operação, desde que sejam realizadas por um cirurgião experiente. Teoricamente, não existe um limite. No entanto, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica não recomenda a realização de vários procedimentos sem que haja urgência ou necessidade em fazê-los. É preciso respeitar os critérios e limites médicos que garantem o bem-estar da pessoa, de acordo com o SBPC.
Qual o risco da cirurgia plástica após a cirurgia bariátrica?
Em geral, não existem riscos de complicação grave para fazer cirurgia plástica pós- bariátrica. Considera-se que os pacientes estejam bem preparados pela equipe multidisciplinar, ligada à cirurgia bariátrica, e tenham realizado os cuidados pré-operatórios que se somam para dar segurança à cirurgia plástica pós-bariátrica.
Por vezes, alguns pacientes apresentam certo grau de desequilíbrio em seus exames como a anemia por deficiência de absorção de ferro, baixa de proteínas por dificuldade de alimentar-se de carnes e a baixa de vitamina B12, que pode levar a alterações neurológicas graves que, às vezes, só aparecem após a cirurgia plástica. Estudos apontam que quanto maior o peso do paciente, na hora da cirurgia plástica, maior poderá ser o índice de complicações. É importante salientar que o acompanhamento médico e a realização de exames pós-procedimento garantem a segurança necessária.
Como é o pós-operatório?
De uma maneira geral, a primeira semana é a mais importante, pois poderemos evitar complicações possíveis, como hemorragias, infecções, necroses e edemas, com repouso relativo e curativos adequados. Nas semanas seguintes, tudo é mais fácil, ainda que o repouso continue necessário para evitar a formação de seroma abundante (líquido que se acumula em alguns pontos) .
Após 01 mês, o paciente estará liberado para realizar caminhadas, dirigir, trabalhar realizar alguns exercícios físicos e até para relações sexuais, desde que seja bem orientado. Até os 03 meses, recomenda-se o uso de cintas e faixas, bem como de filtro solar com FPS 50 ou mais sob os biquínis, sungas, camisetas, até o clareamento das cicatrizes, o que ocorre geralmente por volta dos 06 meses.
A garantia de sucesso no procedimento cirúrgico, em parte, vem da escolha do profissional que deve ser integrante da SBPC, mas também do paciente ao seguir rigorosamente as orientações do seu médico.